A Árvore da Vida

Era uma tarde de domingo quando propus ao maridão irmos ao cinema assistir um filme. Deixamos as crianças na casa da vovó e fomos pra nossa tarde de domingo curtir um cineminha a dois. Previamente, já tinha em mente o que assistir: A Árvore da Vida - do famoso diretor Terrence Malick. Até então, um filme de drama e só, não sabia mais nada sobre. Tinha assistido o trailer e me atraí. Pensei que fosse um daqueles dramas comuns, onde vc chora o flime todo e sai com a alma lavada do cinema, pronto para a pizza de depois. Sem mais delongas. Mas não. Era mais profundo, uma viagem interior, introspectiva. No meio do filme quando o primeiro casal abandonou a sala, mais 4 os acompanharam. É, não é fácil ter que pensar e assistir ao mesmo tempo. Definitivamente não pra todos. O silêncio era total. O filme faz pensar. Volta ao primitivo, as origens, a essencia. A combinação de imagens e trilha nos ajuda nessa viagem.  Por um dado momento perguntei pro Gus: 

“ -Ta tudo bem?”

“ - Sim…”

Apenas para me assegurar de que eu realmente estava ali, numa sala de cinema e não numa viagem de salvia. Terminei o domingo não de alma lavada (como pretendia), mas com um soco no estômago. Para quem se interessar, segue o trailer do filme.

A Árvore da Vida (The Tree of Life) o novo filme do cineasta Terrence Malick estrelado por Brad Pitt e Sean Penn, chegou aos cinemas. Desde os anos 70 Malick trabalhava no roteiro. Entre filmagens e montagem foram dois anos e meio. A maior parte da trama - que vai desde o Big Bang até o futuro – se passa nos anos 50. O protagonista é Jack, o mais velho entre três irmãos de uma família texana, que está aprendendo as coisas da vida. Tree of Life começa com a morte de um dos irmãos, a família em desespero, e então mostra Jack adulto (Sean Penn), deprimido, no mundo moderno.

Nunca houve um cineasta com o estilo de Terrence Malick. Não apenas o estilo cinematográfico, mas também o pessoal. Em 40 anos de carreira, Malick deu raríssimas entrevistas, nunca promoveu seus filmes e chegou a ficar 20 anos sem lançar nenhum trabalho como diretor, entre "Cinzas no Paraíso" (1978) e "Além da Linha Vermelha" (1998). Foi com "A Árvore da Vida" (2011) que ele recebeu o mesmo tipo de consagração do início da sua carreira, levando a Palma de Ouro em Cannes, apesar dos aplausos divididos entre vaias, na exibição para o público. O filme é uma história que pretende não apenas acompanhar a trajetória de um ser humano sobre a Terra, mas mostrar as origens da vida humana no universo.

Houve dúvidas se Malick compareceu à cerimônia de premiação em Cannes. Mas depois uma foto provou que ele estava lá, em meio aos seus atores, e saiu de fininho assim que a Palma de Ouro foi anunciada. Um homem sempre fiel a seu estilo.